Gato mia… ou seria “cupim mia”?

Imagine que você se perdeu do(a) seu(sua) parceiro(a) durante um festival. Qual seria a melhor forma de se encontrarem novamente? Algumas pessoas diriam que, na ausência de um meio de comunicação (como WhatsApp), o melhor seria uma pessoa ficar parada emitindo algum sinal enquanto a outra a procura. Como os cupins ainda não usam celulares, digamos que eles adotam uma estratégia muito parecida com essa. Após a revoada, cupins reprodutores perdem suas asas e andam a procura de parceiros. As fêmeas de algumas espécies utilizam feromônios de atração, atuando como “alvos” e facilitando os encontros. Nas espécies Reticulitermes speratus e Coptotermes formosanus, machos e fêmeas andam inicialmente em linhas relativamente retas, a fim de cobrir uma área maior na procura por um parceiro.

Após o encontro, o comportamento de tandem ocorre, no qual o macho segue a fêmea tocando seu abdome com as antenas e peças bucais (um tipo de fila indiana do amor), e o casal procura um local para construir o ninho. Mas o casal pode se separar acidentalmente durante o tandem! Nesses casos, a fêmea tende a ficar parada ou se deslocar por poucos centímetros, emitindo seu feromônio, enquanto o macho se desloca por distâncias variáveis, aumentando as chances de reencontrar sua parceira. Análises comportamentais e modelos matemáticos confirmaram que esse padrão de movimento de fato aumenta as chances de um reencontro. Curiosamente, após 30 minutos perdidos, os cupins aparentemente aceitam que não irão encontrar novamente seus primeiros amores, e retomam o deslocamento em linha reta em busca de um(a) novo(a) parceiro(a), sugerindo que eles ajustam seu comportamento diante de uma experiência prévia. O  deslocamento semelhante entre machos e fêmeas é tido como um movimento sexual monomórfico. Quando machos e fêmeas se deslocam de formas diferentes, refere-se a esse comportamento como movimento sexual dimórfico. 

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Texto por: Iago Bueno

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Referência

Mizumoto, N., & Dobata, S. (2019). Adaptive switch to sexually dimorphic movements by partner-seeking termites. Science advances, 5(6), eaau6108.

DOI: 10.1126/sciadv.aau6108

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