Já falamos por aqui que cupins “podem peidar” e são grandes emissores de gás Metano (CH4). Mas, além do metano, os cupins também liberam grande quantidade de gás Hidrogênio (H2) durante suas atividades metabólicas, e cientistas verificaram que a concentração de H2 seleciona as bactérias que vivem nos cupinzeiros.
Essa “seleção” faz com que alguns tipos específicos de bactérias sejam muito mais comuns nas paredes dos ninhos de cupins do que no solo ao redor. Especificamente, as bactérias mais comuns nos ninhos são aquelas que utilizam hidrogênio como fonte de energia em seu metabolismo (e por isso são chamadas de hidrogenotróficas).
Essas bactérias com esse nome difícil produzem enzimas específicas, como hidrogenase e RuBisCO, que são utilizadas na respiração aeróbica e na oxidação de H2 para fixação de CO2, respectivamente. Isso faz com que elas tenham um importante papel no consumo de H2 liberado pelos cupins, evitando que boa parte desse gás seja liberado na atmosfera. Além disso, a presença dessas bactérias faz com que altas taxas de gás H2 sejam captadas do ambiente externo (atmosférico), tornando o ninho um sítio de captação desse gás.
Uma curiosidade é que essas bactérias persistem mesmo em ninhos abandonados, principalmente devido à sua capacidade de captação de H2 atmosférico e em utilizar substratos orgânicos para obtenção de energia. Diferente do H2, o CH4 produzido pelos cupins é pouco utilizado pelas bactérias presentes no ninho, resultando em uma maior emissão desse gás. Ou seja, as flatulências seguem sendo eliminadas a todo vapor!!
Texto por: Iago Bueno
Referência
Chiri, E., Nauer, P. A., Lappan, R., Jirapanjawat, T., Waite, D. W., Handley, K. M., … & Greening, C. (2021). Termite gas emissions select for hydrogenotrophic microbial communities in termite mounds. Proceedings of the National Academy of Sciences, 118(30).