Dentispicotermes

Família: Termitidae

Subfamília: Termitinae


O cupim desta semana é o gênero Dentispicotermes, que foi descrito por Alfred Edwards Emerson em 1949.

Edward O. Wilson e Charles D. Michener fizeram uma biografia para Emerson após sua morte, e esses autores destacaram quão grande conhecedor dos cupins ele era para sua época. Emerson deixou grandes contribuições para a classificação, anatomia, biogeografia e ecologia dos cupins [2], dentre elas, a descrição do nosso cupim da semana!

Emerson escolheu o nome Dentispicotermes pois estes cupins possuem um dente no meio de sua mandíbula do soldado [1]. Os cupins desse gênero são conhecidos pelos soldados com mandíbulas longas, delgadas e estalantes, sendo na maioria das vezes maiores que a própria cabeça dele. Eles também possuem uma protuberância arredondada no topo da cabeça [3,4].

Outra característica marcante, e bem curiosa do gênero, é que eles possuem uma glândula amarela/esverdeada no abdome. Ainda não se sabe muito bem como essa glândula funciona, mas podemos dizer que os soldados têm a capacidade de “autólise”, e quando eles são perturbados esta glândula se rompe junto com a parede do abdome, expelindo essa  substância, que entrando em contato com o ar se solidifica e gruda nos seus inimigos [5]. 

Estes cupins são subterrâneos mas também podemos encontrá-los na serapilheira e em ninhos de outros cupins (sendo inquilinos). Não sabemos ao certo ainda, mas provavelmente se alimentam de matéria orgânica semidecomposta do solo (humívoros).

Eles são encontrados na região Neotropical, sendo hoje conhecidas duas espécies que ocorrem no Cerrado (D. globocephalus Silvestri 1901 [6] e D. pantanalis Emerson, 1950 [3]), uma na parte centro-sul da Mata Atlântica, na região Sudeste do Brasil (D. conjuctus Araujo (1969) [4]), e duas na parte norte da Amazônia (D. brevicarinatus Emerson, 1950 e D. cupiporanga Bandeira & Cancello (1992) [7]).

Finalizei uma revisão taxonômica do gênero no mestrado em 2019, sob orientação da Drª. Eliana M. Cancello, com o objetivo de ajudar a compreender melhor a identidade  das espécies existentes e descrever possíveis novas espécies.


Texto: Isabel Sibrenna Mösch


Referências

[1] Snyder, T.E. 1949. Catalog of termites (Isoptera) of the world. Smithsonian Miscellaneous Collections 112 (3953): 1–490. 

[2] Wilson, E.O. & Michener, C.D. 1982. Alfred Edwards Emerson. Biographical Memoir. National Academy of Sciences Washington D.C. 1-21.

[3] Emerson, A.E. 1950. Five new genera of termites from South America and Madagascar (Isoptera, Rhinotermitidae, Termitidae). American Museum Novitates, 1444: 1–15.

[4] Araujo, R.L. 1969. Notes on Dentispicotermes with description of a new species (Isoptera, Termitidae, Termitinae). Revista Brasileira de Biologia, 29 (2): 249–254.

[5] Mathews, A.G.A. 1977. Studies on Termites from the Mato Grosso State, Brazil. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências.

[6] Silvestri, F. 1901. Nota preliminare sui Termitidi sud-americani. Bollettino dei Musei di Zoologia ed Anatomia Comparata della Reale Università di Torino 16 (389): 1-8.

[7] Bandeira, A.G. & Cancello, E.M. 1992. Four new species of termites (Isoptera, Termitidae) from the Island of Maracá, Roraima, Brazil. Revista Brasileira de Entomologia, 36 (2): 423–435.

Comments

  1. Isabel Mösch says:

    Super bacana o trabalho de vocês neste site, informações reais e de qualidade!!
    Obrigada pela parceria colegas 🙂
    Abraços

    1. Tiago Carrijo says:

      A gente que agradece pela colaboração!
      Estamos sempre abertos para mais! 😉
      Abração!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *