Nasutitermes coxipoensis

Nasutitermes coxipoensis

Todos sabemos que os seres vivos precisam de alimentos para se manterem vivos. Em espécies de cupins que constroem ninhos, alguns indivíduos ficam responsáveis pela busca de novas fontes de alimento para a manutenção da colônia. Chamamos essa busca de forrageamento, e esse comportamento implica diversos desafios para os cupins, como não sofrer dessecação e predação após a exposição fora do ninho. Para evitar esses riscos, muitas espécies constroem túneis para poderem se deslocar do ninho até as fontes de alimento com maior segurança.

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O cupim dessa semana é a espécie Nasutitermes coxipoensis, comum em boa parte da América do sul, ele ocorre desde as Guianas, passando pelo Brasil, até no norte da Argentina. Essa espécie constrói ninhos epígeos e  cartonados, que são relativamente frágeis, e são bastante comuns em solos arenosos. 

Uma curiosidade dessa espécie é sua técnica de forrageamento, a qual vamos descrever aqui!

Essa espécie de Nasutitermes sai ao ar livre predominantemente no período noturno, entre 18h e 6h, e às vezes pela manhã, após noites de chuva ou nublado. Desta forma, eles evitam o calor forte do dia, se protegendo da dessecação. O trabalho de procura e busca do alimento é colaborativo entre as castas do soldado e operário, sendo desta forma chamado de “forrageamento combinado”. E esse trabalho em equipe funciona da seguinte forma:

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Os soldados são os primeiros a deixar o ninho e iniciar o forrageamento combinado. Diferente de muitas espécies de cupins, os soldados de N. coxipoensis são os responsáveis pela procura por alimentos, como folhas ou galhos. Eles formam trilhas demarcadas por feromônio de trilha, que são sinais químicos reconhecidos e seguidos pelos operários. Estes, por sua vez, irão reforçar essa trilha com feromônios de agregação, como na clássica história de João e Maria, deixando mais rastros pelo caminho. Porém, no caso dos cupins, nenhum bisbilhoteiro vai aparecer e “comer” seus rastros! (se bem que esses sinais químicos não são tão duradouros assim também…) 

Depois de estabelecidas as trilhas até uma fonte de alimento, e o local for considerado seguro, serão então construídos túneis de superfície para que o caminho fique protegido do tempo e predadores. Essa tarefa é feita pelos operários, mas sempre sob a escolta dos soldados. Esses túneis serão então utilizados para trazer o alimento para a colônia pelos operários. Além disso, esta casta  também é responsável por alimentar todos os outros indivíduos da colônia (jovens, rainha, rei e soldados). 

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Essa estratégia de primeiro encontrar o alimento e só depois construir túneis provavelmente gera uma economia energética. Isso porque algumas espécies constroem túneis inclusive para a procura de alimento (como muitas espécies que forrageiam abaixo do solo).

E por falar em custos, a maioria das espécies de Nasutitermes possuem mais soldados do que operários no ninho. Isso gera muitos gastos energéticos para a colônia, pois soldados não se alimentam sozinhos e são “caros” por conta de sua “armadura” e aparatos de defesa. Alguns autores sugerem que esse “trabalho extra” dos soldados durante o forrageamento seria uma possível justificativa para um maior número desses indivíduos na colônia, compensando os “custos” para sua produção e manutenção. Resta saber se esse tipo de comportamento também ocorre em outras espécies de Nasutitermes

Para fechar o cupim da semana e “pra não dizer que não falei das flores”, os soldados de Nasutitermes coxipoensis são… como um soldado de Nasutitermes, bem diferentões com sua cabeça “nariguda”, por conta do naso longo e delgado. Essa estrutura é destacada pela cabeça ligeiramente côncava no topo.. Eles apresentam coloração marrom escura, até meio avermelhada, e antenas possuindo entre 13 e 14 segmentos, de coloração amarelada.

Texto por: Viviane Domingues

Referências:

Almeida CS, Cristaldo PF, Florencio DF, Cruz NG, Santos AA, Oliveira AP, Santana AS, Ribeiro EJ, Lima AP, Bacci L, Araújo AP. Combined foraging strategies and soldier behaviour in Nasutitermes aff. coxipoensis (Blattodea: Termitoidea: Termitidae). Behav Processes. 2016 May;126:76-81. doi: 10.1016/j.beproc.2016.03.006. Epub 2016 Mar 15. PMID: 26992372.

Mathews, A.G.A. (1977). Studies on Termites from the Mato Grosso State, Brazil. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências.

Comments

  1. Prof Haroldo Marcos Domingues says:

    Parabénssss
    Estes tipos de pesquisa devem ser mais publicados para outras pessoas intendam o meio ambiente
    Vou repassar obrigado

    1. Tiago Carrijo says:

      Obrigado! =)

  2. Nathalia Cortez says:

    Adorei conhecer mais sobre os cupins, quase não encontramos assuntos relacionados. Parabéns pelo artigo.

    1. Tiago Carrijo says:

      Obrigado! =)

  3. Janice Domingues says:

    Muito interessante parabéns pelo descriminativo

    1. Tiago Carrijo says:

      Obrigado! =)

  4. Pesquisa enriquecedora, estes insetos são fascinantes!

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