Família: Termitidae
Subfamília: Macrotermitinae
O cupim da semana dessa vez traz a espécie Macrotermes bellicosus aos holofotes! Essa espécie pertence à subfamília Macrotermitinae, que é famosa por abrigar cupins cultivadores de fungos, e que ocorrem apenas na África e Ásia. Este cupim faz construções espetaculares, que abrigam seus jardins de fungos.
Macrotermes bellicosus ocorre em savanas e florestas africanas, de leste a oeste do continente, onde em muitas áreas é o principal decompositor de material vegetal devido à sua grande presença: cada colônia tem alguns milhões de indivíduos e em alguns locais podem existir 50 colônias por hectare.
Diferente do que costumamos observar na maioria dos cupins, M. bellicosus tem dois tipos de soldados e de operários, os maiores e menores. Os operários maiores são encarregados de buscar madeira, e são acompanhados pelos soldados menores. Estes últimos fazem a segurança e funcionam como alarmes quando confrontados com uma ameaça maior, batendo suas cabeças no chão para chamar os soldados maiores, que ficam dentro dos túneis subterrâneos e são mais agressivos quando saem. Por fim, os operários menores são mais caseiros, eles são os principais construtores e ficam responsáveis pelo cuidado da prole e de outros organismos da colônia: os fungos.
Como todos os Macrotermitinae, M. bellicosus cultiva fungos em câmaras dentro do ninho. Esses fungos são principalmente do gênero Termitomyces, que só pode ser encontrado vivendo junto com os cupins. Nosso cupim então se aproveita do fungo para digerir a madeira, para que ela possa ser comida pelo cupim. Na maioria das espécies de Macrotermes os primeiros operários a nascerem da colônio devem sair para buscar os esporos do fungo para iniciar o cultivo dentro da colônia, em M. bellicosus, no entanto os esporos dos fungos são levados dentro do intestino dos alados machos para serem cultivados nas novas colônias que eles irão fundar, garantindo assim a manutenção desse mutualismo.
A termoregulação é muito importante para nosso cupim fazendeiro, para manter sua fazenda de fungos bem saudável (nós humanos estamos aprendendo a idéia, veja esse vídeo!). Os sofisticados ninhos do nosso arquiteto podem ser em formato de catedrais ou em forma de domo, e podem ser muito maiores que a altura de um ser-humano, além de contar com uma extensa rede de túneis subterrâneos, que se colocados em linha reta, podem alcançar até 7 km de comprimento. Suas construções são as mais complexas no mundo animal. E acredita-se que as torres dos ninhos sirvam justamente para manter a temperatura do ninho sempre constante, funcionando como chaminés para escapar o gás produzido dentro do ninho como forma de ajuste. E então? Contrataria os serviços desses arquitetos?
Texto: Gustavo Pires Matheus
Referências:
Korb, J., Linsenmair, K. The causes of spatial patterning of mounds of a fungus-cultivating termite: results from nearest-neighbour analysis and ecological studies. Oecologia 127, 324–333 (2001).
Traniello J.F.A., Leuthold R.H. (2000) Behavior and Ecology of Foraging in Termites. In: Abe T., Bignell D.E., Higashi M. (eds) Termites: Evolution, Sociality, Symbioses, Ecology. Springer, Dordrecht
Bignell, David Edward, Yves Roisin, and Nathan Lo, eds. Biology of termites: a modern synthesis. Springer Science & Business Media, 2010.