Agnathotermes

Família: Termitidae

Subfamília: Nasutitermitinae

O Wikitermes apresenta o gênero Agnathotermes, nosso cupim dessa semana. Nele há duas espécies até então descritas: Agnathotermes glaber e A. crassinasus. A primeira delas foi descrita em 1926 pelo pesquisador Thomas Snyder, e foi posicionada no gênero Nasutitermes, e no subgênero Agnathotermes. A espécie era chamada Nasutitermes (Agnathotermes) glaber, um trinômio, ao invés do binômio que estamos geralmente acostumados. Hoje não usamos mais o nível taxonômico de subgênero em cupins, mas alguns grupos, como das borboletas, ainda utilizam. Foi apenas em 1982 que o cientista Luis Fontes elevou esse subgênero ao status de gênero.

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Esses cupins, juntamente com alguns outros gêneros de Nasutitermitinae, são comumente chamados de “micronasutos”, pois são bem pequeninos e amarelados – o comprimento da cabeça do soldado de um Agnathotermes, por exemplo, não passa de 1 mm!

A espécie A. glaber foi descrita através de uma amostra de soldado da Bolívia, mas já foi coletada também em Minas Gerais, Amapá, Pará e Goiás, o que leva a crer que a distribuição dela se dá em toda região tropical da América do Sul. Já A. crassinasus, foi descrita a partir de indivíduos coletados centromedicorelaxesalute.it próximos ao Rio Japurá, no estado do Amazonas, e ainda precisamos de mais dados para afirmar com precisão a distribuição geográfica dela. O mapa ao lado mostra essa distribuição segregada por espécie.

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Os soldados do gênero Agnathotermes possuem cabeça amarelada, com o naso cônico em um tom mais escuro (amarelo-amarronzado), e uma pequena região mais estreita do que o resto da cabeça, como um cinturinha –  como vocês podem ver na imagem abaixo. Essas características ajudam a diferenciar esse gênero dos outros micronasutos.

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Já os operários da espécie A. glaber são dimórficos, ou seja, em uma colônia é possível encontrar dois tipos diferentes de operários. Esses dois tipos se diferenciam pois em alguns há uma grande lacuna entre os dentes marginais e o molar, enquanto em outros esse vão é pequeno. Na outra espécie do gênero, o dimorfismo dos operários não foi encontrado, mas os autores alertam que isso pode estar associado ao pequeno número de operários que coletaram até então.

Ainda temos muito poucas informações publicadas sobre a biologia das espécies desse gênero, mas as notas de campo indicam que esses bichos provavelmente são inquilinos no ninho de outras espécies. Além disso, ainda não sabemos qual hábito alimentar de A. crassinasus, mas A. glaber se alimenta de material vegetal em decomposição. 

 Além das características morfológicas que já mencionamos, os cupins de Agnathotermes possuem uma estrutura incomum no tarso, assim como mostra a figura ao lado. Ainda não sabemos para quê ela serve, mas uma das hipóteses é que essa estrutura seja um tipo de glândula especializada ao inquilinismo – mas ainda é necessário testar a hipótese.  


Texto por: Samuel Aguilera

Referências:

Constantino, R. (1990). Agnathotermes crassinasus, new species of termite from the Amazon Basin (Isoptera: Termitidae: Nasutitermitinae). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Zoologia 6 (1): 43-46.

Constantino, R. & Cancello, E.M. (1992). Cupins (Insecta, Isoptera) da Amazônia Brasileira: distribuição geográfica e esforço de coleta. Revista Brasileira de Biologia 52 (3): 401-413.

Cunha, H.F., Costa, D.A. & Brandão, D. (2006). Termite (Isoptera) assemblages in some regions of the Goiás State, Brazil. Sociobiology 47 (2): 505-518.

Fontes, L.R. (1982). Novos táxons e novas combinações nos cupins nasutos geófagos da região Neotropical (Isoptera, Termitidae, Nasutitermitinae). Revista Brasileira de Entomologia 26 (1): 99-108.

Fontes, L.R. (1987a). Morphology of the alate and worker mandibles of the soil-feeding nasute termites (Isoptera, Termitidae, Nasutitermitinae) from the Neotropical region. Revista Brasileira de Zoologia 3 (8): 503-531.

Rocha, M.M., Cuezzo, C., Constantini, J.P., Oliveira, D.E., Santos, R.G., Carrijo, T.F. & Cancello, E.M. (2019). Overview of the Morphology of Neotropical Termite Workers: History and Practice. Sociobiology 66(1): 1-32.

Snyder, T. E. (1926). Termites collected on the Mulford biológical exploration to the Amazon Basin, 1921-1922. Entomologist, Forest Insect Investigations, Bureau of Entomology, United States Department of Agriculture.

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